23 de agosto de 2011

ESTEATOSE Hepática


A infiltração gordurosa hepática (IGH) ou esteatose hepática (EH) é uma entidade que resulta do depósito de triglicéridos nos hepatócidos, ou seja, a EH é caracterizada pelo acumulo de gordura no fígado. Esta infiltração gordurosa no fígado, apesar de geralmente assintomática, não é totalmente benigna, uma vez que, em muitos indivíduos, além do excesso de gordura, desenvolvem alterações necro-inflamatórias e apresentam evidencia de dano hepatocelular, normalmente designado por esteatohepatite não alcoólica (EHNA), sendo que, 20% dos casos evolui para cirrose no espaço de 5 a 10 anos.
O desenvolvimento da EH está associado a uma variedade de factores predisponentes incluindo o abuso do álcool, obesidade, agressão de toxicidade medicamentosa (quimioterapia), diabetes, gestação, entre outros menos relevantes. 
 
 
Os indivíduos que apresentam EH são, em geral, assintomáticos, embora em alguns casos a hepatomegalia que pode evoluir como resultado da EH possa dar origem a dor e mau estar abdominal, enfartamento e sensação de saciedade. Raramente os indivíduos com EH apresentam alterações laboratoriais, apesar de uma pequena percentagem poder apresentar alterações das enzimas hepáticas.
  • Estudo por TC:
A tomografia computadorizada é um método não invasivo capaz de detectar a infiltração gordurosa hepática, focal ou difusa, de forma eficaz. O valor de atenuação do fígado normal é de 45 a 70 UH e é, geralmente 8 a 10 UH maior do que o valor de atenuação do baço, em tomografia sem contraste. 
Se existe uma infiltração gordurosa no fígado, a tomografia irá mostrar uma diminuição da atenuação do parênquima hepático. Isto pode ser determinado usando como referência os valores de atenuação do baço. Assim sendo, pode-se afirmar que existe EH quando a atenuação do fígado é igual ou menor 10 UH que a atenuação do baço. 
Outra relação que pode ser utilizada para a determinação de EH é o valor de atenuação do fígado sobre a atenuação do baço. Quando este valor é menor ou igual a 0.9 estamos perante um padrão esteatótico, e se este valor for igual ou inferior a 0.5 pode-se considerar uma esteatose moderada a severa.
A EH focal pode, por vezes, simular outras patologias. Embora esta seja na sua maioria dos casos difusa, a EH focal é caracterizada por uma distribuição desigual da deposição de gordura no parênquima hepático e poderá gerar , em TC, uma ou mais áreas focais de menor atenuação que o retante figado e assim, colocar em divida o seu diagnóstico. O local mais comum de aparecimento de EH focal é junto ao Ligamento Falciforme.
 
Hepatomegalia esteatótica difusa, em doente que realiza quimioterapia.

Valores de densidade (UH) B: Figado; C: Baço




Esteatose hepática grave.

Valores da densidade (UH) A: Figado; B: Baço
 

17 de agosto de 2011

PIELONEFRITE Aguda


A pielonefrite é a infecção urinária que atingiu o rim. As bactérias ou microorganismos que entraram pela uretra passaram pela bexiga instalaram-se no rim. Nas mulheres, na maioria dos casos, isso ocorre pela contaminação e colonização perivaginal pela flora bacteriana fecal. O representante mais importante da flora bacteriana fecal é a Escherichia coli, responsável por 85-90% das infecções urinárias. 


  • Sinais e Sintomas:


Quando as bactérias atingem o rim provocam um processo inflamatório e infeccioso. Como consequência imediata, o rim aumenta de tamanho, a região lombar torna-se muito sensível a qualquer toque ou compressão e a dor lombar ou no flanco torna-se constante.

A pielonefrite quase sempre acompanhada de febre (> 37,5º C) e calafrios. A urina sai em pequenas quantidades, muitas vezes ao dia, quase sempre com ardor. Pode ocorrer gotejamento de sangue no final da micção. O paciente observa que a sua urina tornou-se mal cheirosa, turva e apresenta grumos (filamentos) no seu interior. Pode haver queixas digestivas, como náuseas, vómitos e anorexia. Desânimo, cansaço e prostração podem ser importantes. No exame físico, o médico encontra febre, dor lombar à punho-percussão e, muitas vezes, dor à palpação abdominal. 


  • Diagnóstico:

O paciente que apresenta os sinais e sintomas, acima descritos, tem infecção urinária no rim. Para comprovar o diagnóstico, solicita-se um exame de urina e uma urocultura. O exame de urina apresenta sempre muitos leucócitos, eritrócitos e bactérias no sedimento urinário. Na urocultura, crescem germes em quantidades superiores a 100.000 por mililitro de urina. No hemograma, pode ter aumento dos leucócitos (leucocitose), e na hemossedimentação, o índice é muito elevado, mostrando a intensidade e gravidade da infecção urinária.

Em alguns casos, o paciente apresenta muita febre e intensos calafrios. Nesta situação, devemos afastar a possibilidade de invasão das bactérias na circulação sanguínea e, para encontrá-las, torna-se necessária uma coleta de sangue para realizar uma hemocultura. Com a hemocultura, além de identificarmos a bactéria que invadiu o sangue, podemos testar a sensibilidade aos antibióticos (antibiograma), permitindo, assim, um tratamento adequado da infecção sanguínea.

A ecografia ou o Rx simples de abdómen mostram o aumento do rim infectado e presença de possíveis lesões . Em certos casos, poderá ser necessária a realização de uma TC renal para verificar a existência e evolução das lesões renais. 


  • Aspectos da imagem em TC:

Para muitos autores, a TC deve ser o método de escolha de diagnóstico das complicações associadas à PA (Pilelonefrite Aguda), assim para o seu acompanhamento evolutivo, dado a sua elevada sensibilidade e especificidade, bem como pela sua excelente correlação com os aspectos anatomopatológicos. 

A TC apresenta-se alterada em cerca de 75%-85% dos individuos com PA e os principais sinais encontrados são:

  • Nefrograma retardado e heterogéneo, com aspecto radiado ou triangular, traduzindo áreas isquémicas e inflamação medular e que nos cortes realizados após 3 horas de injecção de contraste podem realçar tardiamente.

Pielonefrite aguda com nefrograma radiado (4 horas após injecção).
Concentração tardia de contraste nas áreas hipervascularizadas.
 
  •  Aumento focal ou difuso por edema inflamatório.

Nefromegalia e heterogeneidade da gordura perinefretica.

  • Aumento ou redução da densidade do parênquima pela presença de hemorragia ou edema, respectivamente.

Hiperdensidade do parênquima renal drt na TC sem contraste.

Hipodensidade do parênquima renal drt na fase nefrografica.

  • Presença de abcessos caracterizados como imagens hipodensas e hipovascularizadas com densidade de liquido espesso (acima de15UH) e realce capsular após a injecção de contraste.

Área hipodensa com densidade liquida e contornos em definidos, caracterizando um abcesso renal. É de notar a extensão do processo infamatório para o espaço perirrenal (seta).

  • Estudo de caso:

    Individuo do sexo masculino, com 75 anos deu entrada no Serviço de Urgência com dores abdominais, mais intensas no quadrante superior direito. Dor à palpação, superficial e profunda, Murphy renal  pouco esclarecedor mas parece positivo à direita, Lasegue negativo. Flexão do tronco condicionada por dor intensa.  
    Radiografia do abdómen sem alterações de relevo, sem níveis hidroaereos, intestino ligeiramente distendido, imagem hiperdensa no QSD (calsificação?).

      Radiografia do Abdómen em Pé.

        Foi feito um pedido de TC abdominal para esclarecimento, do qual se destacam as seguintes imagens:

          • Aquisição pós contraste oral, sem injecção contraste EV:


          • Aquisição pós injecção de contraste EV, fase venosa, 70 seg.: 





          Do conjunto das imagens observa-se o fígado normodimensionado e heterogéneo, destacando-se apenas dois pequenos quistos clinicamente irrelevantes. Visicula biliar moderadamente distendida sem espessamentos relevantes. Ausência de dilatação das vias biliares.

          Não se observam alterações pancreáticas ou esplénicas. É visivel calcificação grosseira da suprerrenal direita.

          Ausência de pneumoperitoneu e ascite.
          Salienta-se rim direito globoso com múltiplas áreas de redução de realce cortical, sugerindo esteriaçãodensificação perirrenal segmentar do parênquima no terço inferior, assim como . Estes aspectos são consistentes com pielonefrite grave à direita, sem sinais de uropatia obstrutiva.

          4 de agosto de 2011

          Doença DIVERTICULAR

          Consiste em:

          • Diverticulose - presença de divertículos no cólon. Normalmente assintomática.
          • Diverticulite - inflamação de um divertículo. Apresenta sintomas.
          • Sangramento diverticular.

          Divertículo:

          • Uma protrusão sacular da mucosa através da parede muscular do cólon.
          • A protrusão ocorre em áreas de fragilidade da parede intestinal onde vasos sangüíneos podem penetrar.
          • Tipicamente mede entre 5 e 10 mm.


          Setas Amarelas: Diverticulos

          Etiologia:


          A falta de fibras na dieta foi inicialmente descrita como um possível fator etiológico no desenvolvimento da DD por Painter e Burkitt no final da década de 60. Apesar da hipótese ser inicialmente recebida com alguma resistência, a sua confirmação foi demonstrada posteriormente por publicações como o Estudo de Seguimento de Profissionais da Saúde (Health Care Professionals Follow Up Study).

          Achados em Tomografia Computadorizada:




          Sinais exuberantes de Diverticulite Sigmoideia: